Não é dia das mães, tampouco a data está próxima. Dia das mães são todos dias e qualquer um. Mães merecem ser homenageadas em todos, em qualquer dia, a qualquer hora, a qualquer momento. Mães têm parte com os anjos da guarda, pois conduzem e protegem como se grandes asas tivessem. Mães têm parte com leoas, pois defendem com a ferocidade e a coragem dos felinos. Mães têm parte com Deus, pois basta um pedido com fervor para vê-lo realizado. Mães são os únicos seres que o coração cresce durante a vida toda, numa clara contradição aos fundamentos morfológicos. Fato que as confere a ilimitada capacidade de amar. Primeiro são os filhos, depois os netos e muitas vezes, neste interim, somam-se netos e filhos do coração. Amor de mãe não está condicionado ao tipo sanguíneo.
Mães não sabem amar pela metade. Imaginem a minha que teve cinco, adotou mais um e ainda teve outros tantos por longas temporadas. Minha família tinha um carinho e uma solidariedade especial com os estrangeiros. Certamente, devido às dificuldades que meu pai teve ao vir da Espanha para o Brasil. Mães são puro amor e amor puro. A compreensão do amor de mãe, muitas vezes, vem depois de termos os nossos filhos ou quando não as temos mais junto a nós. Hoje, penso que o carinho e a atenção que os filhos devem retribuir às suas mães deveriam ser contabilizados em um aparelho similar ao impostômetro. Talvez atenciômetro, carinhômetro ou mesmo, amorômetro.
Ficamos perplexos com a velocidade que os números mudam. Elas merecem muito por tudo o que fizeram, inclusive por abdicarem de oportunidades pessoais. Mães não passam um segundo sequer sem lembrar dos filhos com carinho, não importa a idade, a distância. Carolina é carinhosamente Carula. Assim minha mãe é chamada e reconhecida pelos amigos. Carula, a esposa do Bonifácio. Mulher trabalhadeira que só arredava o pé da mercearia para desempenhar as funções domésticas. Mulher aguerrida, muitas vezes silenciada na voz, mas jamais silenciada em seus pensamentos. Somos seis filhos, três são mulheres. Lembro claramente da minha mãe, com os olhos cheios de lágrima e raiva (afirmação por minha conta), nos dizer que mulheres tinham que estudar para não serem dependentes dos maridos.
Tínhamos que ser independentes. Agradeço cada dia pelo conselho e por ter acreditado que, ser dona do seu nariz não tem preço. A liberdade é a grande conquista feminina. Liberdade de pensar, de falar, de se vestir, de ser o que se quer sem submissão. Liberdade é fazer escolhas. Há alguns dias fui visitar minha mãe que hoje, mora em Minas Gerais com meu irmão caçula. Resgatar histórias, lembranças e pessoas, valoriza e resignifica momentos, já que o tempo não volta atrás. Homenageio as mães e as mulheres com a história da Carula... Carolina, que conquistou seu espaço e se realizou mesmo que, por meio das conquistas de suas filhas, já que os tempos para ela foram outros.